Um pequeno ingrediente de cozinha tem como objetivo reduzir as emissões de metano na indústria de lacticínios

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  • Pesquisadores desenvolveram o sistema MEPS, que elimina o metano através de água salgada e luz ultravioleta

Depois do dióxido de carbono, o metano é o segundo gás de efeito estufa mais abundante, contribuindo para o aquecimento global. Apesar de serem necessárias grandes reduções nas emissões de metano para limitar o aquecimento e o impacto das mudanças climáticas, as emissões globais continuam a aumentar ano após ano.

Enquanto aproximadamente 30% das emissões globais de metano, originadas por atividades humanas provêm do gado, sendo as vacas leiteiras responsáveis por metade dessas emissões, segundo dados das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos.

“Dado que o conceito de mitigação do metano atmosférico ainda é muito novo, há muitas questões que precisam ser respondidas antes de se poder avaliar completamente as diferentes abordagens tecnológicas e sob quais condições poderiam ser viáveis ou desejáveis”, disse Gabrielle Dreyfus, chefe do Instituto para a Governança e o Desenvolvimento Sustentável.

No entanto, há iniciativas focadas na redução do metano. A empresa dinamarquesa Ambient Carbon lançou um Sistema Fotocatalítico de Erradicação de Metano (MEPS) que busca “diluir” as fontes de metano, incluindo as da pecuária leiteira, tratamento de águas residuais e biogás.

Novo sistema para redução do metano

MEPS é um sistema de eliminação de metano de fonte pontual que reduz a quantidade de metano das vacas leiteiras e outras fontes pontuais emitidas no ar ambiente.

Esta é uma solução escalável e econômica para erradicar o metano de baixa concentração (não inflamável) do gado e do esterco, bem como de outras fontes pontuais.

Segundo a Ambient Carbon, o MEPS utiliza um processo fotoquímico patenteado em fase gasosa que imita um processo natural de destruição do metano na atmosfera. Requer água salgada (cloreto de sódio ou sal de cozinha) e luz ultravioleta (UV) para decompor o metano.

“O sistema gera átomos de cloro através da eletrólise da água salgada, e à medida que o ar do celeiro leiteiro passa pelo sistema, o cloro reage com o metano, erradicando entre 80 e 90% do metano na sua origen e impedindo que seja emitido para o ar ambiente”, explicou a empresa.

Além disso, utiliza um processo fotoquímico patenteado em fase gasosa que combina átomos de cloro e luz UV em uma câmara de reação, imitando um processo natural de destruição do metano na atmosfera.

Enquanto o ar do celeiro leiteiro é reciclado através do MEPS, o sistema decompõe o metano na sua fonte, evitando sua liberação no ar ambiente.

Os átomos de cloro são gerados in situ através da eletrólise da água salgada. Após erradicarem até 90% do metano, o cloro é reciclado em um sistema fechado, conforme descreve a Ambient Carbon.

“As tecnologias de mitigação do metano, como a oxidação térmica regenerativa, operam com catalisadores caros a altas temperaturas e não são econômicas para as concentrações relativamente baixas de metano em um celeiro leiteiro”, destacou a empresa.

Sistema estará disponível em 2026

A Ambient Carbon prevê que o MEPS estará disponível para comercialização e instalação no segundo trimestre de 2026, com planos de expansão global através de parcerias de distribuição e fabricação.

“Acreditamos que, até 2030, a Ambient Carbon eliminará mais de uma gigatonelada de CO2 equivalente anualmente ao destruir o metano dos celeiros leiteiros e outras fontes de metano de baixa concentração, como estações de tratamento de águas residuais e plantas de biogás”, afirmou David S. Miller, cofundador e diretor de operações da Ambient Carbon.

Esta pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Copenhague, que utilizaram a luz e o cloreto de sódio para erradicar o metano de baixa concentração do ar.

O resultado representa um avanço significativo na eliminação de gases de efeito estufa em estábulos para gado, plantas de biogás e estações de tratamento de águas residuais, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

Os pesquisadores destacaram que o cloreto de sódio e a energia da luz podem eliminar o metano do ar de maneira muito mais eficiente do que ocorre na atmosfera, onde o processo geralmente leva de 10 a 12 anos.

Este desenvolvimento é relevante, especialmente considerando que o metano é responsável por cerca de 30% do aumento atual da temperatura global, enquanto o dióxido de carbono contribui com aproximadamente o dobro desse impacto, segundo dados da Agência Internacional de Energia.

Fonte da notícia: The Food Tech

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